segunda-feira, 11 de julho de 2011

Suplementos alimentares para atletas

Exatamente como acontece com aqueles que procuram remédios para emagrecer, muitos procuram uma maneira de aumentar seu rendimento esportivo, ou ganhar massa muscular mais rapidamente, através da ingestão de produtos. Neste caso, de suplementos alimentares. Embora possam ser realmente eficaz para alguns tipos de atletas, para a maioria dos mortais será apenas jogar dinheiro fora com suplementos caros, ou, em alguns casos, prejudicar a saúde. Mas não é essa a imagem que os fabricantes e revendedores desses produtos querem passar, é claro. Exibindo fotos de pessoas extremamente musculosas, querem que acreditemos que qualquer pessoa ficará assim consumindo esses produtos.

Creatina, whey protein, BCAA, aminoácidos, maltodextrina e albumina, entre outros, fazem parte do vocabulário e do cotidiano dos frequentadores de academias. Em busca do corpo considerado perfeito - musculoso, definido, e com uma porcentagem mínima de gordura,- muitas destas pessoas não hesitam em consumir o que acharem necessário para que este objetivo seja alcançado.

Obs.: Se você chegou a este artigo para saber como deve tomar algum dos suplementos, não irá encontrar esta informação. Você deve procurar um profissional qualificado que irá orientá-lo a utilizar os produtos, de maneira personalizada.

Neste artigo, vou tentar explicar de uma maneira simplificada, em cada tipo de suplemento, para o que ele realmente serve, para o que muitas pessoas acham que ele serve, e os riscos do seu uso inadequado.

Mas antes, vamos ver alguns conceitos fundamentais para o entendimento dos suplementos:

- Aminoácidos: Unidades formadoras das proteínas.São divididos entre essenciais e não-essenciais. Os aminoácidos essenciais são assim chamados porque são essenciais na nossa dieta, já que nosso organismo não pode produzi-los. São eles: fenilalanina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, treonina, triptofano, histidina e valina. E os aminoácidos não-essenciais são aqueles que o nosso fígado pode sintetizar, a partir de alguns aminoácidos essenciais, da glicose, e de outros produtos metabólicos. São eles: alanina, arginina, asparagina, ácido aspártico, ácido glutâmico, cisteína, glutamina, glicina, prolina, serina e tirosina.

- Proteínas: Substâncias formadas por sequência de centenas ou até milhares de aminoácidos. Podem ser formadas por alguns ou todos os aminoácidos citados anteriormente. Cada proteína existente possui uma "receita" de aminoácidos: quantidade total e a ordem de cada um deles. Imaginemos uma proteína que contenha 100 aminoácidos. Se trocarmos apenas 1 aminoácido, como o de número 53, de alanina para isoleucina, por exemplo, já teremos uma proteína diferente, e pode ser completamente diferente, com características totalmente diversas. Nosso corpo é formado em grande parte por proteínas. Cabelo, unhas, músculos, partes da pele, dos ossos, do sangue, as enzimas... Tudo isso é formado por proteínas.

- Carboidratos: São a principal fonte de energia do nosso organismo. Existe uma infinidade de tipos de carboidratos, mas eles só podem ser convertidos em energia após serem transformados em glicose; no entanto, nem todos podem ser transformados em glicose. Metabolicamente, podem ser convertidos em energia de modo aeróbico (na presença de oxigênio), em processo de oxidação, ou de modo anaeróbico (ausência de oxigênio), em processo de fermentação. O processo aeróbico tem um rendimento energético muito maior do que o anaeróbico, porém é um pouco mais lento.

- Anabolismo: O efeito anabólico está associado à construção, formação, aumento, crescimento, regeneração e manutenção dos tecidos do organismo. Quando fala-se em esteróides anabolizantes, eles são anabolizantes porque promovem aumento da massa muscular.

- Catabolismo: Exatamente o oposto do anabolismo. O efeito catabólico envolve utilização, consumo, destruição, digestão, diminuição, perda.

Valor biológico: É uma medida da proporção de proteína de um determinado alimento que será efetivamente incorporada às proteínas do organismo. Isto depende da composição de aminoácidos do alimento e da sua digestibilidade. Quanto mais alto for o valor biológico, mais aminoácidos o organismo irá reter. O ovo é a fonte natural de proteínas de mais alto valor biológico, sendo atribuído o valor de 100, e com o qual todos os outros alimentos são comparados.


SUPLEMENTOS

1. Creatina

A creatina é um tripeptídeo, ou seja, é formada por 3 aminoácidos, a saber: arginina, glicina e metionina. É encontrada naturalmente em todos os vertebrados (incluindo nós, os humanos). Sua função metabólica é "levar" energia para todas as células do corpo, porém especialmente para as células dos músculos.

  • Para o que realmente serve: Reposição do estoque energético dos músculos. Em atividades de esforço muscular intenso (100 metros rasos, musculação, etc), os músculos utilizam reservas energéticas (chamadas de ATP) já formadas, pois precisa utilizar muita energia em poucos segundos, e não há tempo para esperar a produção de mais ATP originado do metabolismo da glicose com o oxigênio, que é mais lenta (embora produza bem mais ATP). A creatina serve justamente para recuperar o ATP na ausência do oxigênio (processo anaeróbico), permitindo que o exercício dure por mais alguns segundos. Mas a própria creatina que produzimos em nosso corpo já faz isso. A suplementação pode fazer com que a duração do esforço muscular aumente um pouco mais, mas isso só faz diferença para atletas de alto nível, onde qualquer ganho pode ser significativo. E não faz diferença alguma em exercícios aeróbicos, como corridas de longas distâncias, natação, etc.
  • Para o que as pessoas acham que serve: Aumento da massa muscular. Normalmente, as pessoas compram suplementos de creatina com o objetivo de aumentar a massa muscular. E quando começam a tomar este suplemento, sentem que em pouco tempo ele já está fazendo efeito. Só que é ilusório: não ocorre aumento de massa muscular, e sim uma retenção de líquidos. Parece que é músculo, mas é só água!
  • Riscos do uso inadequado: Pesquisas mostraram que o consumo de até 20g por dia parece ser seguro. No entanto, há relatos de danos renais relacionados ao uso de creatina.

2.  Maltodextrina

A maltodextrina, conhecida também como malto, é um suplemento energético, geralmente derivado do amido de milho. É formado por polímeros de glicose de tamanhos diferentes, o que faz com que seja absorvido lenta e gradualmente, mantendo o fornecimento de energia por um tempo mais prolongado.

  • Para o que realmente serve: Manter o fornecimento de energia em atividades aeróbicas de longa duração, como as maratonas, onde necessita-se manter o estoque de carboidratos durante o esforço, evitando que a energia seja retirada da massa muscular.
  • Para o que as pessoas acham que serve: Aumento da massa muscular. Parece incrível, mas muita gente acha que isso aumenta a massa muscular. Na verdade, ela poderia ter algum auxílio se tomada após a musculação, como reposição do estoque energético dos músculos. Assim, diminuiria o auto-consumo muscular. Mas daí a aumentar a massa muscular... Não é bem assim!
  • Riscos do uso inadequado: Por ser carboidrato, o que não for consumido como energia na atividade física, será transformado em gordura e em seguida armazenado. Se for ingerido sem um gasto energético compatível, o indivíduo além de não aumentar a massa muscular, vai aumentar a barriga (o famoso "panceps")! Ou seja, só deve ser usado em atividades onde o gasto energético seja muito elevado.

3.  BCAA

BCAA é a sigla em inglês para Branched-Chain Amino Acids (Aminoácidos de Cadeia Ramificada). São 3 os aminoácidos que possuem cadeia ramificada: leucina, isoleucina e valina.

  • Para o que realmente serve: Em casos de utilização muscular intensa, estudos têm demonstrado que a utilização de BCAAs, principalmente a leucina, poderia estimular a síntese proteica e diminuir o catabolismo proteico muscular. eles podem então ser efetivos no anabolismo proteico muscular, e na diminuição da lesão muscular após o exercício. Por isso os BCAAs são conhecidos por seu efeito anti-catabólico.
  • Para o que as pessoas acham que serve: Há quem diga que os BCAAs servem para aumentar o rendimento físico. Porém, não há evidências de que a suplementação com BCAAs exerça efeito significativo sobre ele.
  • Riscos do uso inadequado: Os principais efeitos adversos relatados com o uso do suplemento, especificamente com altas doses, são: desconforto gastrintestinal, como diarréia, além de comprometer a absorção de outros aminoácidos.

4. Whey Protein

Whey é o nome em inglês para o soro do leite. Whey protein são as proteínas extraídas do soro do leite,  que contêm alto teor de aminoácidos essenciais, incluindo os de cadeia ramificada (BCAAs). Possui altíssimo valor biológico, superior inclusive ao do ovo. As proteínas solúveis do soro do leite apresentam um excelente perfil de aminoácidos. Possuem peptídeos bioativos do soro, que conferem a essas proteínas diferentes propriedades funcionais. Os aminoácidos essenciais, com destaque para os de cadeia ramificada, favorecem o anabolismo, assim como a redução do catabolismo protéico, favorecendo o ganho de força muscular e reduzindo a perda de massa muscular durante a perda de peso. O alto teor de cálcio favorece a redução da gordura corporal. Melhoram, também, o desempenho muscular, por elevarem as concentrações de glutationa, diminuindo, assim, a ação dos agentes oxidantes nos músculos esqueléticos.
  • Para o que realmente serve: Segundo estudos, quanto menor o intervalo entre o término do exercício e a ingestão protéica, melhor será a resposta anabólica ao exercício. Existem diferentes vias pelas quais as proteínas do soro favorecem a hipertrofia muscular e o ganho de força, otimizando, dessa forma, o treinamento e o desempenho físico. A quantidade e o tipo de proteína ou de aminoácido, fornecidos após o exercício, influenciam a síntese protéica. Estudos têm mostrado que somente os aminoácidos essenciais, e em especial a leucina, são necessários para estimular a síntese protéica.
  • Riscos do uso inadequado: Estudos mostram que o consumo de proteínas, mesmo em doses elevadas, não parece causar uma sobrecarga dos rins. Porém, mesmo uma leve insuficiência renal poderia ser agravada com um consumo elevado de proteínas.

Suplementos engordam? Se tomados de maneira errada, incompatível com o gasto calórico e o tipo de treino, poderão ser transformados em gordura e então armazenados. Ou seja, podem engordar, sim! Explicações mais detalhadas em: O que faz engordar?

Muitas pessoas perguntam: quanto tempo levarão para aumentar a massa muscular com o uso dos suplementos? E a resposta é: Depende! Do quê? Do tipo de suplementos, do tipo de treinamento e, o principal, da genética! E também não adianta nada começar a usar suplementos antes de começar a treinar, como muitos fazem!

Portanto, se você não quiser jogar seu dinheiro fora, ou pior, jogar sua saúde fora, consulte sempre um nutricionista ou um médico nutrólogo, que indicarão se e o que você precisa. Ok?

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os perigos dos chazinhos contra gripe (tipo Vick Pyrena)



Os Perigos dos Chás contra Gripes e Resfriados vendidos em drogarias

Muita gente compra chazinhos "antigripais" pensando em complementar o tratamento com os chamados antigripais. Mas o que a maioria destas pessoas não sabe é que o que faz efeito nesses chás é a substância chamada paracetamol, que em doses elevadas, pode comprometer o fígado e levar o paciente à morte.

Muita gente compra esses medicamentos em forma de chá pensando em complementar o tratamento com os chamados antigripais, como o Naldecon e o Resfenol, por exemplo. Mas, o que a maioria não sabe, é que o que faz efeito nesses chás é a substância chamada paracetamol, que encontra-se na dosagem de 500mg. O paracetamol serve como analgésico e antipirético (antitérmico), ou seja, para dores e febre. E muitos medicamentos contra gripe (como os dois citados anteriormente) e alguns analgésicos também possuem o paracetamol em suas composições.

Porém, não devemos associar medicamentos que contêm paracetamol, já que altas doses desta substância são hepatotóxicas (=tóxicas para o fígado). Isto acontece porque o paracetamol, depois de sofrer algumas transformações no organismo, forma diversas substâncias (metabólitos). Uma delas é tóxica. Todavia, em doses baixas ela é rapidamente neutralizada por uma substância chamada glutationa. Em doses altas, essa neutralização acaba com o estoque de glutationa, que é um antioxidante (protege as células contra os radicais livres). Sem glutationa, as células do fígado passam a ser atacadas pelos radicais livres, e consequentemente morrem, podendo levar a uma falência hepática seguida de morte do paciente em poucos dias. E se o paciente for usuário de bebidas alcoólicas, pior ainda. A dose tóxica de paracetamol é ainda menor do que para quem não bebe.

Segundo o Dr. Anthony Wong, que foi Chefe do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital das Clínicas de São Paulo:

  1. "Ao tomar mais de um remédio, primeiro verifique se eles contêm a substância paracetamol. Caso contenham, não ultrapasse a margem terapêutica recomendada (segundo a FDA nos EUA, esta é de 4 g / dia).
  2. Em segundo lugar, não se pode pensar que o medicamento é seguro só porque é vendido sem prescrição. São remédios como outro qualquer e requerem cuidado. É preciso lembrar que a intoxicação por paracetamol é muito mais frequente do que o que se pensava antigamente.
  3. Por último, nunca se deve fazer automedicação, mesmo com remédios de venda livre, principalmente para crianças. O fato de ser de venda livre não reduz em nada os possíveis efeitos danosos."
  4. "Além disso, quem ingerir três ou mais doses de bebidas destiladas (como uísque, pinga, vodca, gim) NÃO deve tomar paracetamol."

Conclusão: chazinho antigripal não é apenas um chá, mas sim um medicamento! E como tal, deve ser tomado com cautela. Quanto ao efeito, é exatamente a mesma coisa tomar um envelope de Vick Pyrena ("chá Vick") ou um comprimido de Tylenol 500mg. O fato de ele ser "quentinho" só traz uma sensação de maior conforto, porém não aumenta a eficácia com relação ao paracetamol em comprimidos.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Medição da pressão arterial em farmácias

Todo mundo sabe da importância de se controlar a pressão arterial para a manutenção da saúde a longo prazo. E um dos meios de para fazer este controle é comparecer a uma farmácia que ofereça este serviço. Muitas farmácias oferecem. E muitas pessoas vão a estas farmácias para medir (ou verificar, ou aferir, ou "tirar" - discutirei estes termos num outro post) sua pressão. Ótimo! Só que grande parte delas vai pelo motivo errado!

Explico:

O serviço de medição da pressão arterial em farmácias tem como objetivo o controle, ou seja, a pessoa deveria fazer isto com frequência, para assegurar que sua pressão esteja dentro dos parâmetros considerados ideais. Serve, por exemplo, para que os hipertensos que estão fazendo uso de medicamentos anti-hipertensivos possam saber se esses remédios estão fazendo o efeito desejado, se conseguiram baixar a pressão para os níveis adequados.

Mas o que mais acontece são pessoas que estão se sentindo mal, ou com dor de cabeça, irem procurar a farmácia para medir a pressão! Isso é errado! Por quê? Porque se a pressão estiver alterada, esta pessoa vai perguntar: "O que eu devo tomar?"

E é aí que mora o perigo! Existem diversos motivos para que a pressão esteja alterada. E isto não significa que se deva tomar algo naquele momento. A pressão alta, por um curto período, não causa problema algum. Até mesmo uma atividade física eleva a pressão momentaneamente. O problema é quando a pressão permanece elevada por longos períodos (dias, semanas, meses...). Nestes casos sim é que um tratamento medicamentoso pode ser indicado. Mas somente o médico é quem indicará a necessidade disto.

Mas e nos casos de pressão baixa? Bem, se a pessoa passou mal e quis medir a pressão, pode acontecer dela realmente estar baixa. E o diálogo seguiria mais ou menos assim: "Sim, sua pressão está baixa....". "Oh, e o que eu devo fazer???". "Só deitar um pouco e colocar as pernas mais elevadas do que a cabeça.". "Mas nem colocar sal embaixo da língua?"

Não!!! Em casos de episódios isolados de queda da pressão, que não têm maior importância clínica, em poucos minutos o organismo irá regular sozinho esta pressão. Não há necessidade de usar sal.

Como podemos ver, medir a pressão em farmácias quando se sente que ela está alterada, em nada contribui para a melhora. Pelo contrário, já que o cidadão vai querer se auto-medicar! Por isto que a medição em farmácias foi proibida no Brasil, e assim ficou por muitos anos. Se a pessoa estiver preocupada, deve procurar atendimento hospitalar, e não a farmácia. 

Resumindo: a medição da pressão na farmácia deve ser feita apenas para controle, e não para tentar corrigir uma variação! Estamos entendidos?

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sábado, 18 de junho de 2011

Remédios para emagrecer

Que pessoa no mundo, desejando perder alguns (ou muitos) quilinhos, nunca pensou em tomar algum remédio milagroso, que faça com que este objetivo seja facilmente alcançado? Ou seja, não só emagrecer, mas emagrecer rápido?

Certamente, muito poucas! Por quê? Porque perder peso naturalmente é quase sempre uma tarefa árdua, que exige mudança de hábitos alimentares e cansativos exercícios físicos.

Então, nada mais óbvio do que o desejo de se tomar um comprimido que faça com que o excesso de gordura do corpo simplesmente se "evapore", enquanto estamos sentados no sofá, assistindo televisão e comendo um balde de pipoca e "secando" 1 litro de refrigerante! Mas qual é o problema disso?

De fato, muitos medicamentos funcionam bem para a perda de peso (embora à custa de muitos efeitos colaterais). Os medicamentos com esta finalidade são chamados de anorexígenos (inibidores de apetite). São derivados da anfetamina, como o femproporex, o mazindol e a anfepramona (dietilpropiona). Alguns antidepressivos (fluoxetina, sibutramina), embora não sejam exatamente anorexígenos, são muitas vezes referidos como tal. 

E também existem outros tipos que são utilizados, como inibidores da absorção intestinal de gorduras (orlistat), e os "naturais" (e com resultados duvidosos) chá verde, chá branco, chá amarelo, chá vermelho (um arco-íris de chás!), shakes, quitosana, a recém-proibida Ração Humana... Uma lista enorme de produtos!

E o que tudo isso tem em comum?

Embora a maioria dos produtos citados realmente tenha alguma eficácia na perda de peso, ninguém vai tomá-los todos os dias para o resto da vida. E isto inclui também as dietas milagrosas. Ou seja, depois que o objetivo for atingido, aos poucos as pessoas voltam a comer da mesma forma que antes, ou até pior. E o resultado é a recuperação do peso perdido (e muitas vezes, ganha-se ainda mais do que antes). E então voltam a usar mais remédios, ou fazem uma nova dieta milagrosa, e vira um efeito-sanfona altamente prejudicial à saúde.

Portanto, não se iludam: perder peso exige uma mudança na alimentação sim, mas de um modo que se consiga fazer pelo resto da vida, de maneira saudável. Não precisa nem se privar dos "vilões" (chocolate, frituras, pizza, etc), desde que se coma moderadamente. Isto se chama Reeducação Alimentar. E, é claro, a inclusão de atividades físicas na rotina diária.

NÃO EXISTEM MEDICAMENTOS MILAGROSOS! A chave está na mudança dos hábitos! Pensem nisto!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Medicamentos em Gotas: deve-se tomá-los com muita água ou pouca água?

Já presenciei por diversas vezes a seguinte cena: o cliente compra um medicamento em gotas, e quer tomá-lo ali mesmo, na farmácia. Pede um copo d'água para um funcionário, que prontamente o atende, levando um copo cheio. Aí o cliente diz: "Não! Está muito cheio! O remédio vai ficar fraco!". Então toma alguns goles, deixando apenas um pouco de água, e diz: "Agora, sim!", e pinga as gotas nesta água, e em seguida toma tudo.

O que há de errado nisto?

Vamos imaginar um exemplo: esta pessoa deve tomar 20 gotas do medicamento. Se ela colocar 20 gotas num pouquinho de água, e tomar toda esta água, ela terá tomado as 20 gotas do medicamento. E se ela colocar 20 gotas num copo cheio de água? Se ela tomar tudo, vai ter tomado as 20 gotas do remédio também!

Portanto, não importa a quantidade de água, e sim se a pessoa vai tomar toda a água com o medicamento.

Mas o mais absurdo da situação do início do post é a pessoa ter tomado o "excesso" de água do copo. Porque se isso deixasse o remédio mais fraco, esta água estaria no estômago dela e "enfraqueceria" o remédio que cairia lá em seguida...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Qual o significado das siglas nos medicamentos (BD, XR, SR, etc)?

Vários medicamentos apresentam, após seus nomes comerciais, algumas siglas como BD, XR, SR, SRO, DI, SL, AP, CLR, LP, CD... Mas elas significam exatamente o quê?

Para entendermos o significado das siglas, bem como suas diferenças, é necessário o entendimento de alguns conceitos básicos:

Liberação (em inglês, release): O princípio ativo contido num medicamento precisa sair dele, ser liberado, para tornar-se disponível para absorção pelo organismo, e assim fazer seu efeito.

Liberação convencional: É a liberação regular, comum. Aquela cujo padrão de liberação não foi modificado.

Liberação modificada (modified release): É aquela cujas características de liberação do princípio ativo (fármaco) foram alteradas, para se conseguir um melhor efeito terapêutico, e menos efeitos colaterais, ou para uma maior conveniência do paciente, que pode, por exemplo, diminuir o número de tomadas diárias. Todas as siglas das quais falaremos referem-se aos diferentes tipos de liberação modificada.

Agora, vamos às siglas propriamente ditas:

XR (eXtended Release - Liberação Estendida): A liberação estendida tem como objetivo manter a liberação do fármaco por um período maior de tempo. Neste tipo, a liberação é suficientemente lenta para que seja possível estender o intervalo entre as doses por duas vezes ou mais. Exemplos: Efexor XR, Cipro XR, Glifage XR, Alenthus XR, Frontal XR

SR (Sustained Release - Liberação Sustentada): modalidade da liberação estendida que permite uma rápida liberação de uma dose ou fração do princípio ativo, seguida de uma liberação gradual da dose restante, por um período de tempo prolongado. Ou seja, ação rápida e duradoura. Exemplos: Voltaren SR, Indapen SR

BD (Bis in Die): Bis in die é uma expressão em latim que significa duas vezes em um dia. Os medicamentos com a sigla BD, portanto, devem ser tomados 2 vezes ao dia. São medicamentos que, em suas versões "normais", devem ser tomados 3 vezes ao dia (a cada 8 horas), e nas versões BD, apenas 2 vezes (a cada 12h), o que facilita a adesão ao tratamento e a correta utilização destes medicamentos. Exemplos: Amoxil BD, Clavulin BD, Velamox BD.

Outras variações são:

AP (Ação Prolongada): Exemplo: Tylenol AP
LP (Liberação Prolongada):  Exemplo: Biofenac LP
DI (Desintegração Instantânea):  Exemplo: Biofenac DI
CLR (Crono-Liberação Regulada): Exemplo: Biofenac CLR
CD (Controlled Diffusion): controle da liberação do princípio ativo. Exemplo: Angipress CD
SRO (Sustained Release Oral): Exemplos: Hydergine SRO, Parlodel SRO
CR (Controlled Release): Exemplos: Tegretol CR, Adalat CR

E existem ainda algumas siglas que não têm a ver com a modificação na liberação, como:

Tylenol DC (Dor de Cabeça), Feldene SL (Sub-Lingual)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O que seria um remédio forte?

Eu me lembro de uma reportagem que assisti na TV, há alguns anos, que falava sobre o uso incorreto de antibióticos. Uma senhora estava sendo entrevistada, e disse que interrompeu o tratamento da filha porque acreditava que o remédio era "muito forte"... Agora eu pergunto: o que é um remédio forte? O que você entende por remédio forte?

Pelo que tenho observado, cada um entende uma coisa diferente! Uns dizem que a dosagem (miligramas) é alta, outros dizem que tem muitos efeitos colaterais... A questão é: não dá pra dizer que um medicamento é forte!

Exemplo: é bastante comum me perguntarem se o antibiótico X é mais forte do que o Y. E minha resposta é: não existe antibiótico mais forte do que outro. Existem antibióticos que matam certos tipos de bactérias, e outros que matam outros tipos... O antibiótico precisa ser o correto para aquela bactéria que está causando a infecção. Não existe isso de ser mais forte ou mais fraco!

Outro exemplo: nimesulida 100mg é mais forte que meloxicam 15mg? Parece que sim, não é? 100mg contra apenas 15mg... Mas, na verdade, seria o contrário! Isto porque precisamos de apenas 15mg de meloxicam para produzir o "mesmo" efeito de 100mg da nimesulida. Então, dizemos que o meloxicam é mais potente (este é o termo correto) do que a nimesulida.

Porém, quando se trata do mesmo medicamento, como o próprio meloxicam, que existe nas dosagens de 7,5mg e 15mg, aí podemos dizer que o de 15 é mais forte que o de 7,5. Mas somente nestes casos! E jamais com medicamentos diferentes!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Remédios: devemos tomá-los com estômago cheio ou vazio?

Quando você vai tomar um remédio, deve tomá-lo com o estômago cheio, certo? ERRADO! Sua mãe ou alguém já deve ter falado para você comer alguma coisa antes de tomar seu remédio, ou tomá-lo com leite. Todas as mães falam isso! Mas, na verdade, muitos medicamentos devem ser tomados com o estômago vazio, mesmo. Isto porque eles necessitam do ambiente mais ácido do estômago para poderem ser absorvidos. Já alguns outros são melhor absorvidos na presença de alimentos, ou agridem menos o estômago neste caso. E outros, possivelmente a maioria, não sofrem interferência na presença ou ausência de alimentos.

Existem também medicamentos que possuem interação com determinados tipos de alimentos. Por exemplo, a tetraciclina não deve ser tomada com leite ou outros alimentos ricos em cálcio, pois ela se liga ao cálcio, formando um complexo que não pode ser absorvido pelo organismo, diminuindo a ação do medicamento.


- Exemplos de medicamentos que devem ser tomados com o estômago vazio:
  • Norfloxacino
  • Captopril
  • Omeprazol
  • Cefalexina
  • Cefadroxila
  • Azitromicina
  • Doxiciclina
  • Loratadina
  • Sulfato ferroso
  • Rifampicina
  • Ciprofloxacino (pode ser tomado com refeições leves, desde que não contenham leite e derivados)
Obs.: considera-se estômago vazio quando se está em jejum, ou 1 hora antes ou 2 depois das refeições.


Exemplos de medicamentos que devem ser tomados com alimentos (estômago cheio):
  • Cetoconazol
  • Itraconazol
  • Hidralazina
  • Pentoxifilina
  • Predinisona
  • Valproato de sódio
  • Carbamazepina
  • Antidiabéticos orais
  • Anti-inflamatórios AINEs (diclofenaco, nimesulida, ibuprofeno, meloxicam, tenoxicam, piroxicam, etc.)


- Exemplos de medicamentos que podem ser tomados com o estômago cheio ou vazio:
  • Alopurinol
  • Amoxicilina
  • Amiodarona


O correto, SEMPRE, é ler a bula do medicamento e verificar como ele deve ser tomado. Ou perguntar para o farmacêutico. Porém, se você jogou fora a bula, e está longe de algum farmacêutico, opte por tomar o remédio sem alimentos, somente com água. Assim, você até poderá ter alguma dor no estômago, mas provavelmente não vai atrapalhar a ação do medicamento.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Você sabe o que significa "10 volumes" na Água Oxigenada?

Alguma vez você já se perguntou o que são os volumes da água oxigenada? 10 volumes, 20 volumes, 30, 40... Tem até aqueles que dizem "volume 10"! Mas o que exatamente são estes volumes? E por que 10, 20, 30, 40?

Bem, a água oxigenada é o nome popular da substância de nome químico peróxido de hidrogênio, cuja fórmula é H2O2, ou seja, água (H2O) com mais um átomo de oxigênio (O), por isso água oxigenada. Quando se decompõe, cada molécula de água oxigenada libera um átomo de oxigênio. Este oxigênio é altamente reativo (e por isso é o responsável pela ação antisséptica da água oxigenada), e rapidamente combina-se com outro oxigênio para formar o gás oxigênio (O2).

Esta explicação foi um pouco técnica, mas é necessária para o entendimento dos "volumes":

Então, você sabe que a água oxigenada é comercializada como 10, 20, 30 volumes. Este número aumenta conforme a concentração do peróxido de hidrogênio na fórmula. Lembra-se do oxigênio liberado na decomposição? É ele que vai dar o "volume" da água oxigenada! Vou explicar utilizando exemplos:

  • 1 litro de água oxigenada libera 10 litros de gás oxigênio (O2). 10 litros de oxigênio é 10 vezes o volume de 1 litro de água oxigenada, por isso, ela é chamada de 10 volumes.
  • 1 litro de água oxigenada libera 20 litros de gás oxigênio (O2). 20 litros de oxigênio é 20 vezes o volume de 1 litro de água oxigenada, por isso, ela é chamada de 20 volumes...

...e assim por diante! Quanto maior a concentração do peróxido de hidrogênio, maior a liberação do gás oxigênio, e maior o volume da água oxigenada!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Qual a diferença entre Diclofenaco Sódico, Diclofenaco Potássico e Diclofenaco Colestiramina?

Caso você esteja procurando pelo uso de diclofenaco sódico ou potássico por hipertensos, clique aqui.


Qual a diferença entre o diclofenaco sódico, o diclofenaco potássico e o diclofenaco colestiramina?

Há uma lenda espalhada entre a população e também entre muitos balconistas de farmácia, que diz que o sódico serve para inflamações de tecidos "duros" (como articulações, ossos, etc), o potássico para tecidos "moles" (garganta, etc)... Mas qual será a verdade por trás das diferentes formas?

Quimicamente, o diclofenaco pode estar ligado a um íon sódio, potássio, ou à colestiramina (que é uma resina).

Todos os tipos de diclofenaco, depois de absorvidos pelo organismo, são exatamente a mesma coisa: apenas diclofenaco. No estômago, o sódico perde seu íon sódio e o potássico perde o íon potássio. E o diclofenaco colestiramina separa-se da colestiramina.

Portanto, a diferença está na velocidade com que cada um deles será absorvido!

O diclofenaco potássico é mais solúvel em água do que o sódico. Isso faz com que ele seja absorvido mais rapidamente, e também inicie sua ação mais rapidamente. Já o diclofenaco colestiramina tem uma absorção bem rápida (e um início de ação rápido), mas também gradual, o que permite que atinja uma concentração no sangue menor, e um tempo de ação maior no organismo.

Ainda assim, os três tipos continuam sendo o mesmo diclofenaco, e a ação farmacológica tem que ser obviamente a mesma. Porém, as indicações podem ser diferentes dependendo da necessidade de um início de ação mais rápido, ou de uma duração mais prolongada.

Curiosidade: o nome diclofenaco é derivado de seu nome químico em inglês: 2-[(2,6-dichlorophenyl)  amino] benzeneacetic aciddichlophenac, simplificado para diclofenac, e recebendo um "o" no final, pela Denominação Comum Brasileira (DCB).

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