Se você é uma pessoa observadora, já deve ter notado que existem medicamentos com apenas amoxicilina, e outros que combinam a amoxicilina com clavulanato de potássio (que é a forma do ácido clavulânico usada pela indústria farmacêutica).
Mas qual é a sua função?
Para entendermos, precisamos ter uma noção da estrutura química das penicilinas, que são antibióticos do grupo dos betalactâmicos. O nome deste grupo deriva do núcleo (ou anel) betalactâmico, que é uma estrutura molecular comum a todos os antibióticos pertencentes a este grupo.
Núcleo betalactâmico (em vermelho)
A amoxicilina, que é uma penicilina, possui portanto o núcleo betalactâmico em sua molécula:
A ênfase dada até agora ao núcleo betalactâmico se deve ao mecanismo de resistência das bactérias a este tipo de antibióticos. Algumas bactérias produzem enzimas chamadas betalactamases, que se ligam ao anel betalactâmico e provocam sua quebra, inativando assim o antibiótico. A produção dessas enzimas é uma defesa da bactéria, para evitarem ser mortas pelo antibiótico.
Aí é que entra o clavulanato…
O clavulanato também possui um núcleo betalactâmico em sua estrutura:
As betalactamases produzidas pelas bactérias possuem uma afinidade maior pelo anel betalactâmico do clavulanato do que pelo da amoxicilina. Então, essas enzimas se ligam ao clavulanato e ficam presas, deixando a amoxicilina livre para agir. O clavulanato, portanto, se sacrifica para que a amoxicilina “brilhe”!
Em resumo, o clavulanato serve para diminuir a resistência das bactérias contra a amoxicilina, sendo terapeuticamente mais vantajoso do que a utilização da amoxicilina sozinha, porém tem o custo mais elevado como sendo sua desvantagem.