quinta-feira, 23 de junho de 2011

Medição da pressão arterial em farmácias

Todo mundo sabe da importância de se controlar a pressão arterial para a manutenção da saúde a longo prazo. E um dos meios de para fazer este controle é comparecer a uma farmácia que ofereça este serviço. Muitas farmácias oferecem. E muitas pessoas vão a estas farmácias para medir (ou verificar, ou aferir, ou "tirar" - discutirei estes termos num outro post) sua pressão. Ótimo! Só que grande parte delas vai pelo motivo errado!

Explico:

O serviço de medição da pressão arterial em farmácias tem como objetivo o controle, ou seja, a pessoa deveria fazer isto com frequência, para assegurar que sua pressão esteja dentro dos parâmetros considerados ideais. Serve, por exemplo, para que os hipertensos que estão fazendo uso de medicamentos anti-hipertensivos possam saber se esses remédios estão fazendo o efeito desejado, se conseguiram baixar a pressão para os níveis adequados.

Mas o que mais acontece são pessoas que estão se sentindo mal, ou com dor de cabeça, irem procurar a farmácia para medir a pressão! Isso é errado! Por quê? Porque se a pressão estiver alterada, esta pessoa vai perguntar: "O que eu devo tomar?"

E é aí que mora o perigo! Existem diversos motivos para que a pressão esteja alterada. E isto não significa que se deva tomar algo naquele momento. A pressão alta, por um curto período, não causa problema algum. Até mesmo uma atividade física eleva a pressão momentaneamente. O problema é quando a pressão permanece elevada por longos períodos (dias, semanas, meses...). Nestes casos sim é que um tratamento medicamentoso pode ser indicado. Mas somente o médico é quem indicará a necessidade disto.

Mas e nos casos de pressão baixa? Bem, se a pessoa passou mal e quis medir a pressão, pode acontecer dela realmente estar baixa. E o diálogo seguiria mais ou menos assim: "Sim, sua pressão está baixa....". "Oh, e o que eu devo fazer???". "Só deitar um pouco e colocar as pernas mais elevadas do que a cabeça.". "Mas nem colocar sal embaixo da língua?"

Não!!! Em casos de episódios isolados de queda da pressão, que não têm maior importância clínica, em poucos minutos o organismo irá regular sozinho esta pressão. Não há necessidade de usar sal.

Como podemos ver, medir a pressão em farmácias quando se sente que ela está alterada, em nada contribui para a melhora. Pelo contrário, já que o cidadão vai querer se auto-medicar! Por isto que a medição em farmácias foi proibida no Brasil, e assim ficou por muitos anos. Se a pessoa estiver preocupada, deve procurar atendimento hospitalar, e não a farmácia. 

Resumindo: a medição da pressão na farmácia deve ser feita apenas para controle, e não para tentar corrigir uma variação! Estamos entendidos?

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sábado, 18 de junho de 2011

Remédios para emagrecer

Que pessoa no mundo, desejando perder alguns (ou muitos) quilinhos, nunca pensou em tomar algum remédio milagroso, que faça com que este objetivo seja facilmente alcançado? Ou seja, não só emagrecer, mas emagrecer rápido?

Certamente, muito poucas! Por quê? Porque perder peso naturalmente é quase sempre uma tarefa árdua, que exige mudança de hábitos alimentares e cansativos exercícios físicos.

Então, nada mais óbvio do que o desejo de se tomar um comprimido que faça com que o excesso de gordura do corpo simplesmente se "evapore", enquanto estamos sentados no sofá, assistindo televisão e comendo um balde de pipoca e "secando" 1 litro de refrigerante! Mas qual é o problema disso?

De fato, muitos medicamentos funcionam bem para a perda de peso (embora à custa de muitos efeitos colaterais). Os medicamentos com esta finalidade são chamados de anorexígenos (inibidores de apetite). São derivados da anfetamina, como o femproporex, o mazindol e a anfepramona (dietilpropiona). Alguns antidepressivos (fluoxetina, sibutramina), embora não sejam exatamente anorexígenos, são muitas vezes referidos como tal. 

E também existem outros tipos que são utilizados, como inibidores da absorção intestinal de gorduras (orlistat), e os "naturais" (e com resultados duvidosos) chá verde, chá branco, chá amarelo, chá vermelho (um arco-íris de chás!), shakes, quitosana, a recém-proibida Ração Humana... Uma lista enorme de produtos!

E o que tudo isso tem em comum?

Embora a maioria dos produtos citados realmente tenha alguma eficácia na perda de peso, ninguém vai tomá-los todos os dias para o resto da vida. E isto inclui também as dietas milagrosas. Ou seja, depois que o objetivo for atingido, aos poucos as pessoas voltam a comer da mesma forma que antes, ou até pior. E o resultado é a recuperação do peso perdido (e muitas vezes, ganha-se ainda mais do que antes). E então voltam a usar mais remédios, ou fazem uma nova dieta milagrosa, e vira um efeito-sanfona altamente prejudicial à saúde.

Portanto, não se iludam: perder peso exige uma mudança na alimentação sim, mas de um modo que se consiga fazer pelo resto da vida, de maneira saudável. Não precisa nem se privar dos "vilões" (chocolate, frituras, pizza, etc), desde que se coma moderadamente. Isto se chama Reeducação Alimentar. E, é claro, a inclusão de atividades físicas na rotina diária.

NÃO EXISTEM MEDICAMENTOS MILAGROSOS! A chave está na mudança dos hábitos! Pensem nisto!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Medicamentos em Gotas: deve-se tomá-los com muita água ou pouca água?

Já presenciei por diversas vezes a seguinte cena: o cliente compra um medicamento em gotas, e quer tomá-lo ali mesmo, na farmácia. Pede um copo d'água para um funcionário, que prontamente o atende, levando um copo cheio. Aí o cliente diz: "Não! Está muito cheio! O remédio vai ficar fraco!". Então toma alguns goles, deixando apenas um pouco de água, e diz: "Agora, sim!", e pinga as gotas nesta água, e em seguida toma tudo.

O que há de errado nisto?

Vamos imaginar um exemplo: esta pessoa deve tomar 20 gotas do medicamento. Se ela colocar 20 gotas num pouquinho de água, e tomar toda esta água, ela terá tomado as 20 gotas do medicamento. E se ela colocar 20 gotas num copo cheio de água? Se ela tomar tudo, vai ter tomado as 20 gotas do remédio também!

Portanto, não importa a quantidade de água, e sim se a pessoa vai tomar toda a água com o medicamento.

Mas o mais absurdo da situação do início do post é a pessoa ter tomado o "excesso" de água do copo. Porque se isso deixasse o remédio mais fraco, esta água estaria no estômago dela e "enfraqueceria" o remédio que cairia lá em seguida...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Qual o significado das siglas nos medicamentos (BD, XR, SR, etc)?

Vários medicamentos apresentam, após seus nomes comerciais, algumas siglas como BD, XR, SR, SRO, DI, SL, AP, CLR, LP, CD... Mas elas significam exatamente o quê?

Para entendermos o significado das siglas, bem como suas diferenças, é necessário o entendimento de alguns conceitos básicos:

Liberação (em inglês, release): O princípio ativo contido num medicamento precisa sair dele, ser liberado, para tornar-se disponível para absorção pelo organismo, e assim fazer seu efeito.

Liberação convencional: É a liberação regular, comum. Aquela cujo padrão de liberação não foi modificado.

Liberação modificada (modified release): É aquela cujas características de liberação do princípio ativo (fármaco) foram alteradas, para se conseguir um melhor efeito terapêutico, e menos efeitos colaterais, ou para uma maior conveniência do paciente, que pode, por exemplo, diminuir o número de tomadas diárias. Todas as siglas das quais falaremos referem-se aos diferentes tipos de liberação modificada.

Agora, vamos às siglas propriamente ditas:

XR (eXtended Release - Liberação Estendida): A liberação estendida tem como objetivo manter a liberação do fármaco por um período maior de tempo. Neste tipo, a liberação é suficientemente lenta para que seja possível estender o intervalo entre as doses por duas vezes ou mais. Exemplos: Efexor XR, Cipro XR, Glifage XR, Alenthus XR, Frontal XR

SR (Sustained Release - Liberação Sustentada): modalidade da liberação estendida que permite uma rápida liberação de uma dose ou fração do princípio ativo, seguida de uma liberação gradual da dose restante, por um período de tempo prolongado. Ou seja, ação rápida e duradoura. Exemplos: Voltaren SR, Indapen SR

BD (Bis in Die): Bis in die é uma expressão em latim que significa duas vezes em um dia. Os medicamentos com a sigla BD, portanto, devem ser tomados 2 vezes ao dia. São medicamentos que, em suas versões "normais", devem ser tomados 3 vezes ao dia (a cada 8 horas), e nas versões BD, apenas 2 vezes (a cada 12h), o que facilita a adesão ao tratamento e a correta utilização destes medicamentos. Exemplos: Amoxil BD, Clavulin BD, Velamox BD.

Outras variações são:

AP (Ação Prolongada): Exemplo: Tylenol AP
LP (Liberação Prolongada):  Exemplo: Biofenac LP
DI (Desintegração Instantânea):  Exemplo: Biofenac DI
CLR (Crono-Liberação Regulada): Exemplo: Biofenac CLR
CD (Controlled Diffusion): controle da liberação do princípio ativo. Exemplo: Angipress CD
SRO (Sustained Release Oral): Exemplos: Hydergine SRO, Parlodel SRO
CR (Controlled Release): Exemplos: Tegretol CR, Adalat CR

E existem ainda algumas siglas que não têm a ver com a modificação na liberação, como:

Tylenol DC (Dor de Cabeça), Feldene SL (Sub-Lingual)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O que seria um remédio forte?

Eu me lembro de uma reportagem que assisti na TV, há alguns anos, que falava sobre o uso incorreto de antibióticos. Uma senhora estava sendo entrevistada, e disse que interrompeu o tratamento da filha porque acreditava que o remédio era "muito forte"... Agora eu pergunto: o que é um remédio forte? O que você entende por remédio forte?

Pelo que tenho observado, cada um entende uma coisa diferente! Uns dizem que a dosagem (miligramas) é alta, outros dizem que tem muitos efeitos colaterais... A questão é: não dá pra dizer que um medicamento é forte!

Exemplo: é bastante comum me perguntarem se o antibiótico X é mais forte do que o Y. E minha resposta é: não existe antibiótico mais forte do que outro. Existem antibióticos que matam certos tipos de bactérias, e outros que matam outros tipos... O antibiótico precisa ser o correto para aquela bactéria que está causando a infecção. Não existe isso de ser mais forte ou mais fraco!

Outro exemplo: nimesulida 100mg é mais forte que meloxicam 15mg? Parece que sim, não é? 100mg contra apenas 15mg... Mas, na verdade, seria o contrário! Isto porque precisamos de apenas 15mg de meloxicam para produzir o "mesmo" efeito de 100mg da nimesulida. Então, dizemos que o meloxicam é mais potente (este é o termo correto) do que a nimesulida.

Porém, quando se trata do mesmo medicamento, como o próprio meloxicam, que existe nas dosagens de 7,5mg e 15mg, aí podemos dizer que o de 15 é mais forte que o de 7,5. Mas somente nestes casos! E jamais com medicamentos diferentes!

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