quarta-feira, 23 de maio de 2012

Remédios para tosse

"Que remédio é bom pra tosse?" "Tem remédio pra tosse?"

Estas perguntas são clássicas nas farmácias! O problema: a tosse pode ser causada por diferentes fatores. E é muito importante saber sua causa, e se ela é produtiva (produz secreção =catarro), ou improdutiva (tosse seca, sem catarro). O tratamento correto depende do tipo da tosse.

A tosse é um mecanismo que nós possuímos para limpar as passagens de ar em nossas vias aéreas. Poeiras, secreções, bactérias, vírus, fungos, e até comida(!!!) que vai pro lugar errado! Portanto, ela é um reflexo natural de defesa do organismo.

A tosse produtiva é causada pelo aumento da produção de muco, que por sua vez é causado por infecções respiratórias, como os resfriados em fases mais avançadas, poluição, fumo, etc. Esta tosse aparece para expulsar dos pulmões e das vias aéreas o muco (catarro) produzido em excesso. Por isso mesmo, não podemos tomar medicamentos que parem este tipo de tosse. Se pararmos com ela, o muco pode ficar retido nos pulmões, levando a uma série de complicações. Neste caso, devemos usar medicamentos que fluidifiquem as secreções, e que facilitem a expectoração. Agora ficou fácil! São os expectorantes! Alguns dos mais comuns são a N-acetilcisteína (ou apenas acetilcisteína), carbocisteína, guaifenesina, ambroxol, etc, cujos nomes comerciais são Fluimucil, Mucofan, Mucolitic, Xarope Vick, Mucosolvan, etc.

Já a tosse seca é normalmente causada por diversos motivos que, em comum, causam uma irritação nas vias aéreas. O início de resfriados, alergias, gripe, poeiras, ar extremamente seco, produtos químicos, entre outros, costumam ser os causadores da tosse seca. Muitas vezes, ela provoca uma sensação de coceira na garganta. É um tipo de tosse considerado inútil, já que não contribui para a limpeza das vias aéreas, e causa bastante incômodo, não apenas para quem a tem, mas também para quem está por perto. Nestes casos, podemos lançar mão de medicamentos que diminuem a frequência da tosse: os antitussígenos. Eles agem inibindo o reflexo da tosse, e os mais comuns são a dropropizina (Vibral), clobutinol + succinato de doxilamina (Silomat Plus, que não existe mais; Hytos Plus) e dextrometorfano. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de codeína. Em tosses de origem alérgica, medicamentos anti-alérgicos podem ser administrados em conjunto com os antitussígenos, ou isoladamente. Um dos mais utilizados neste caso é o maleato de dexclorfeniramina (Polaramine).

Alguns medicamentos associam antitussígenos com expectorantes, porém essa associação não tem consenso entre a classe médica, já que não adiantaria fluidificar o catarro, e não tossir para expectorá-lo. Ex.: Xarope Vick 44E e Expec.


Curiosidades:

- Medicamentos para tratamento da hipertensão (pressão alta), da classe dos IECA (Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina), como o captopril e o enalapril, podem causar tosse seca como um de seus efeitos adversos.

Esterofilia é a condição de adorar o som da tosse ou espirro. Se uma pessoa parece estar gostando de tossir ou espirrar alto em público - ela pode ter uma simples alergia - ou pode ser possivelmente um esterofilíaco. Tem gosto pra tudo!!!

Para finalizar, como já disse em outros posts, NUNCA TOME MEDICAMENTOS POR CONTA PRÓPRIA! Vá ao médico ou, pelo menos, peça orientações a um farmacêutico.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Posso cortar comprimidos?



Muitas pessoas já se depararam com esta situação: "preciso tomar metade da dosagem deste comprimido. Posso cortá-lo ao meio e tomar só uma das partes?"


A resposta é: depende.

Na verdade, a resposta correta seria NÃO. Porém, sabemos que existem casos em que, clinicamente, não há diferenças significativas entre tomar um comprimido de 50mg, por exemplo, ou metade de um de 100mg. Todavia, devemos saber que, por mais preciso que seja o corte do comprimido, sempre haverá uma perda do princípio ativo. Sem contar que não obrigatoriamente haverá a mesma quantidade deste principio ativo nas duas metades. E isso acontece mesmo em medicamentos que tenham um sulco para facilitar o corte, e que você use um cortador de comprimidos. Num comprimido de 100mg, poderíamos ter uma metade com 48mg e outra com 52mg (sem considerar as perdas). Como já dissemos, para alguns tipos de medicamentos esta diferença não seria significativa. No entanto, em muitos casos, esta diferença poderia sim ser significativa.

Até agora, tudo o que dissemos é válido apenas para os medicamentos em comprimidos comuns, sem revestimento. Os comprimidos revestidos, incluindo aqueles com liberação modificada (XR, SL, SR, AP, etc), JAMAIS podem ser partidos! Isso modificaria a velocidade de absorção pelo organismo dos princípios ativos destes comprimidos, o que poderia levar a sérios efeitos colaterais.

Sempre que houver a necessidade de partir um comprimido, pergunte antes a seu médico ou farmacêutico se isso é possível no seu caso! NÃO PARTA COMPRIMIDOS SEM TER A CERTEZA DE QUE É SEGURO FAZER ISSO!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Colesterol Bom X Colesterol Ruim

Existe realmente "colesterol bom" e "colesterol ruim"?

A resposta é: NÃO! Colesterol só existe um!

Você deve estar pensando: "Esse cara é louco! Meu médico falou que meu colesterol ruim está muito alto!". Ok, ele realmente falou isso. Mas isso é apenas uma maneira simplória para explicar algumas coisas que acontecem no nosso organismo, e que também acaba levando a algumas interpretações erradas. Explico mais adiante.

Em primeiro lugar: O que é o colesterol?

É uma substância produzida apenas pelos animais (plantas produzem uma substância quimicamente parecida com o colesterol, e que não é absorvida pelo corpo humano). Tem diversas funções importantes no corpo, como a formação da bile, a produção de certos hormônios, de vitamina D, além de ser fundamental para a estabilidade e fluidez de membranas celulares, etc.

O colesterol é, quimicamente falando, um tipo de álcool. Mas tem características de gordura. Você certamente sabe que gorduras (como os óleos) e água não se misturam. Talvez você saiba também que nosso sangue é formado, em grande parte, por água. Então, como o colesterol circula pelo sangue?

Para circular pelo sangue, o colesterol e todas as outras gorduras precisam estar ligadas a substâncias que possam se misturar à água do sangue. Essas substâncias são as lipoproteínas. Existem 5 grandes grupos de lipoproteínas: quilomícrons, VLDL, LDL, IDL e HDL. As principais, que aparecem na maioria dos exames, são a LDL (Low-Density Lipoprotein ou Lipoproteína de Baixa Densidade) e a HDL (High-Density Lipoprotein, ou Lipoproteína de Alta Densidade).

Aí é que está o problema!

Como já foi dito, colesterol só existe um. A diferença é o que transporta  o colesterol. O que é chamado de "colesterol ruim" é, na verdade, a LDL, e o "colesterol bom", a HDL. Estas lipoproteínas recebem estes nomes por transportarem o colesterol, e também porque os exames solicitados pelos médicos para o doseamento delas no sangue são HDL-colesterol, LDL-colesterol, colesterol total e colesterol-frações. O colesterol total é a soma da HDL e da LDL (podendo, em alguns casos, incluir também a VLDL), e o colesterol-frações é o valor de cada uma delas, individualmente.

Como eu disse no começo deste artigo, esta nomenclatura pode levar a interpretações erradas. Por exemplo, você tem colesterol alto, e vê no rótulo de um alimento que este não contém colesterol. Aí você pensa: "Ah, isso eu posso comer à vontade! Não tem colesterol!". Porém, este mesmo alimento é rico em gorduras saturadas. As gorduras saturadas provocam um aumento na LDL (o "colesterol ruim", lembra?). Este tipo de gordura é o pior para o nosso organismo.

Já as gorduras poliinsaturadas ajudam a baixar a LDL, e são muito melhores do que as saturadas. E as gorduras monoinsaturadas, que são as mais saudáveis, além de baixar a LDL, aumentam a HDL, o que é excelente! Este tipo de gordura é abundante no azeite de oliva, por isso ouvimos dizer sempre que este óleo é muito saudável!



quinta-feira, 1 de março de 2012

Dipirona X Novalgina

É muito comum acontecer de clientes solicitarem dipirona e, na falta dela, oferecermos o medicamento de referência, a Novalgina, como substituto. E muita gente responde: "Não! Eu não posso tomar Novalgina! Me faz muito mal! Só posso tomar dipirona...". Assim acontece também com outros medicamentos, como o Anador, Magnopyrol, etc. Todos eles têm a dipirona na fórmula! Dipirona NÃO é o nome de um medicamento, e sim da substância que faz o efeito dentro deste medicamento (princípio ativo). É engraçado ver que a maioria das pessoas nunca presta atenção no que está tomando. Percebo isto pelo espanto delas ao serem informadas de que Novalgina é dipirona! Dipirona sódica é o nome genérico, cujo medicamento de referência é a Novalgina. Isto significa que dentro das mesmas apresentações (comprimidos, gotas, etc), pode-se trocar um pelo outro com segurança.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O quê você espera encontrar numa farmácia?

O quê você espera encontrar numa farmácia?

A resposta parece óbvia, não? Mas o fato é que, quase todos os dias, muitas pessoas procuram este tipo de estabelecimento para procurar os mais diversos produtos, muito além de medicamentos, perfumaria e afins...

Posso citar alguns exemplos (presenciados por mim, ou por colegas próximos):


  • Bolinha de Ping-Pong
  • CD virgem
  • Ralinho de inox para pia
  • Carrinho de brinquedo
  • Graxa Nugget para sapatos
  • Cópia ("vocês tiram xerox???")
  • Sorvete
  • Refrigerantes
  • Agulha e linha
  • Globo terrestre
  • Caneta
  • Baralho




Parece que, quando a pessoa não sabe onde encontrar o produto, ou não consegue encontrá-lo em nenhum outro lugar, dirige-se à farmácia, porque "lá deve ter"! Para quem mora no estado de São Paulo, onde a fiscalização é mais intensa, essas coisas podem parecer absurdas. Porém, sei também que muitos destes ítens são encontrados em farmácias Brasil afora. O que não é permitido por lei.

Isso apenas nos mostra como este setor foi se desvirtuando ao longo das últimas décadas. Deixou de ser um estabelecimento de saúde, para se tornar um simples comércio, que vende de tudo. Inclusive remédios.



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