segunda-feira, 16 de abril de 2012

Colesterol Bom X Colesterol Ruim

Existe realmente "colesterol bom" e "colesterol ruim"?

A resposta é: NÃO! Colesterol só existe um!

Você deve estar pensando: "Esse cara é louco! Meu médico falou que meu colesterol ruim está muito alto!". Ok, ele realmente falou isso. Mas isso é apenas uma maneira simplória para explicar algumas coisas que acontecem no nosso organismo, e que também acaba levando a algumas interpretações erradas. Explico mais adiante.

Em primeiro lugar: O que é o colesterol?

É uma substância produzida apenas pelos animais (plantas produzem uma substância quimicamente parecida com o colesterol, e que não é absorvida pelo corpo humano). Tem diversas funções importantes no corpo, como a formação da bile, a produção de certos hormônios, de vitamina D, além de ser fundamental para a estabilidade e fluidez de membranas celulares, etc.

O colesterol é, quimicamente falando, um tipo de álcool. Mas tem características de gordura. Você certamente sabe que gorduras (como os óleos) e água não se misturam. Talvez você saiba também que nosso sangue é formado, em grande parte, por água. Então, como o colesterol circula pelo sangue?

Para circular pelo sangue, o colesterol e todas as outras gorduras precisam estar ligadas a substâncias que possam se misturar à água do sangue. Essas substâncias são as lipoproteínas. Existem 5 grandes grupos de lipoproteínas: quilomícrons, VLDL, LDL, IDL e HDL. As principais, que aparecem na maioria dos exames, são a LDL (Low-Density Lipoprotein ou Lipoproteína de Baixa Densidade) e a HDL (High-Density Lipoprotein, ou Lipoproteína de Alta Densidade).

Aí é que está o problema!

Como já foi dito, colesterol só existe um. A diferença é o que transporta  o colesterol. O que é chamado de "colesterol ruim" é, na verdade, a LDL, e o "colesterol bom", a HDL. Estas lipoproteínas recebem estes nomes por transportarem o colesterol, e também porque os exames solicitados pelos médicos para o doseamento delas no sangue são HDL-colesterol, LDL-colesterol, colesterol total e colesterol-frações. O colesterol total é a soma da HDL e da LDL (podendo, em alguns casos, incluir também a VLDL), e o colesterol-frações é o valor de cada uma delas, individualmente.

Como eu disse no começo deste artigo, esta nomenclatura pode levar a interpretações erradas. Por exemplo, você tem colesterol alto, e vê no rótulo de um alimento que este não contém colesterol. Aí você pensa: "Ah, isso eu posso comer à vontade! Não tem colesterol!". Porém, este mesmo alimento é rico em gorduras saturadas. As gorduras saturadas provocam um aumento na LDL (o "colesterol ruim", lembra?). Este tipo de gordura é o pior para o nosso organismo.

Já as gorduras poliinsaturadas ajudam a baixar a LDL, e são muito melhores do que as saturadas. E as gorduras monoinsaturadas, que são as mais saudáveis, além de baixar a LDL, aumentam a HDL, o que é excelente! Este tipo de gordura é abundante no azeite de oliva, por isso ouvimos dizer sempre que este óleo é muito saudável!



quinta-feira, 1 de março de 2012

Dipirona X Novalgina

É muito comum acontecer de clientes solicitarem dipirona e, na falta dela, oferecermos o medicamento de referência, a Novalgina, como substituto. E muita gente responde: "Não! Eu não posso tomar Novalgina! Me faz muito mal! Só posso tomar dipirona...". Assim acontece também com outros medicamentos, como o Anador, Magnopyrol, etc. Todos eles têm a dipirona na fórmula! Dipirona NÃO é o nome de um medicamento, e sim da substância que faz o efeito dentro deste medicamento (princípio ativo). É engraçado ver que a maioria das pessoas nunca presta atenção no que está tomando. Percebo isto pelo espanto delas ao serem informadas de que Novalgina é dipirona! Dipirona sódica é o nome genérico, cujo medicamento de referência é a Novalgina. Isto significa que dentro das mesmas apresentações (comprimidos, gotas, etc), pode-se trocar um pelo outro com segurança.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O quê você espera encontrar numa farmácia?

O quê você espera encontrar numa farmácia?

A resposta parece óbvia, não? Mas o fato é que, quase todos os dias, muitas pessoas procuram este tipo de estabelecimento para procurar os mais diversos produtos, muito além de medicamentos, perfumaria e afins...

Posso citar alguns exemplos (presenciados por mim, ou por colegas próximos):


  • Bolinha de Ping-Pong
  • CD virgem
  • Ralinho de inox para pia
  • Carrinho de brinquedo
  • Graxa Nugget para sapatos
  • Cópia ("vocês tiram xerox???")
  • Sorvete
  • Refrigerantes
  • Agulha e linha
  • Globo terrestre
  • Caneta
  • Baralho




Parece que, quando a pessoa não sabe onde encontrar o produto, ou não consegue encontrá-lo em nenhum outro lugar, dirige-se à farmácia, porque "lá deve ter"! Para quem mora no estado de São Paulo, onde a fiscalização é mais intensa, essas coisas podem parecer absurdas. Porém, sei também que muitos destes ítens são encontrados em farmácias Brasil afora. O que não é permitido por lei.

Isso apenas nos mostra como este setor foi se desvirtuando ao longo das últimas décadas. Deixou de ser um estabelecimento de saúde, para se tornar um simples comércio, que vende de tudo. Inclusive remédios.



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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Óleo de Canola é bom pra saúde, mas... O que é Canola???

Quase todo mundo já deve ter visto no mercado, se não usado, o óleo de canola. E já deve ter ouvido que faz bem à nossa saúde. Mas alguém sabe que planta é essa tal de canola?

Bem, na verdade, canola não é uma planta. É um acrônimo (sigla pronunciada como uma palavra) em inglês para CANadian Oil, Low Acid - CANOLA, que significa "Óleo Canadense, com baixo teor de ácido". Este óleo é extraído das sementes de uma planta, uma espécie de couve, chamada colza (Brassica napus).

Mas não é qualquer óleo de colza que pode ser conhecido como Canola! Somente variedades produzidas para este fim, através de um melhoramento genético, é que podem ter seu óleo chamado de Canola. O óleo de colza normal não deve ser ingerido por causa de sua toxicidade, causada por uma elevada concentração de ácido erúcico (o termo Low Acid, ou baixo teor de ácido, refere-se a este ácido) e glucosinolatos. Porém, este óleo é utilizado para outras finalidades, como a produção de biodiesel.

E o óleo de Canola é, de fato, bom para nossa saúde. Possui baixo conteúdo de gordura saturada, e alto de gordura monoinsaturada e de ácidos graxos ômega 3 e ômega 6. Devido à essa composição, há evidências de que este óleo possa reduzir as taxas de "colesterol ruim" (LDL) e aumentar as taxas de "colesterol bom" (HDL), além de outros benefícios.


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domingo, 4 de setembro de 2011

Descontos em Farmácias

Quem nunca pediu desconto ao comprar algum produto na farmácia? Pouquíssimas pessoas, não é mesmo? Mas o que está por trás deste hábito tão comum do brasileiro?

A cena é clássica: o cliente entra na farmácia, pede um produto, pergunta o preço e, na sequência, solta um "Tem desconto???". Até aí, tudo bem. Afinal, quem não quer economizar alguns trocados ao comprar algo?

Mas a questão vai mais longe. Tem clientes que entram na farmácia e, mesmo antes de perguntarem se tem o remédio ou produto que procuram, perguntam se tem desconto. Isso é frustrante! Nós, que trabalhamos em farmácias, queremos dar um bom atendimento aos clientes, resolver suas dúvidas, auxiliá-los a adquirir os medicamentos corretos e a utilizá-los de forma correta. Mas parece que poucos realmente se importam com isso. Querem saber apenas se o desconto desta farmácia é maior que o da farmácia X.

E o pior: não pedem descontos apenas para os medicamentos. Para muitas pessoas, qualquer produto vendido na farmácia é passível de descontos! Absorventes, escovas e cremes dentais, shampoos... Enfim, qualquer coisa que possa ser encontrada na farmácia! A farmácia onde trabalho fica localizada dentro de um supermercado. Alguns tipos de produtos são vendidos tanto na farmácia quanto no mercado. Na farmácia pedem desconto. No mercado, não! Aliás, compram roupas, tênis, sapatos, bolsas, celulares e etc, ítens relativamente caros e considerados não-essenciais, e não pedem um centavo de desconto. Mas pedem em medicamentos que chegam a custar menos de 2 reais...

Então, parece que virou uma questão cultural pedir descontos na farmácia. Ao ponto de alguns clientes dizerem que é lei (!!!) dar descontos em medicamentos!

Mas como surgiu tudo isso?

Embora eu não tenha como confirmar a veracidade da informação, é um consenso que essa história começou com a Drogaria São Paulo dando descontos para os aposentados, e apenas para alguns medicamentos. Aos poucos, as concorrentes passaram a fazer o mesmo, e começaram a estender os descontos para todo mundo, em todos os medicamentos. E foi se espalhando cada vez mais, até chegar aos dias de hoje, em que raras são as pessoas que não pedem desconto. 

Isso pode ser ótimo para o consumidor, mas é terrível para os profissionais deste tipo de estabelecimento. Nós nos empenhamos em atender bem o cliente, e ainda ouvimos:

"Obrigado pelo seu atendimento! Você foi muito atencioso! Mas infelizmente vou comprar o medicamento na farmácia X, porque lá sai mais barato."

C'est la vie...

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