quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O quê você espera encontrar numa farmácia?

O quê você espera encontrar numa farmácia?

A resposta parece óbvia, não? Mas o fato é que, quase todos os dias, muitas pessoas procuram este tipo de estabelecimento para procurar os mais diversos produtos, muito além de medicamentos, perfumaria e afins...

Posso citar alguns exemplos (presenciados por mim, ou por colegas próximos):


  • Bolinha de Ping-Pong
  • CD virgem
  • Ralinho de inox para pia
  • Carrinho de brinquedo
  • Graxa Nugget para sapatos
  • Cópia ("vocês tiram xerox???")
  • Sorvete
  • Refrigerantes
  • Agulha e linha
  • Globo terrestre
  • Caneta
  • Baralho




Parece que, quando a pessoa não sabe onde encontrar o produto, ou não consegue encontrá-lo em nenhum outro lugar, dirige-se à farmácia, porque "lá deve ter"! Para quem mora no estado de São Paulo, onde a fiscalização é mais intensa, essas coisas podem parecer absurdas. Porém, sei também que muitos destes ítens são encontrados em farmácias Brasil afora. O que não é permitido por lei.

Isso apenas nos mostra como este setor foi se desvirtuando ao longo das últimas décadas. Deixou de ser um estabelecimento de saúde, para se tornar um simples comércio, que vende de tudo. Inclusive remédios.



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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Óleo de Canola é bom pra saúde, mas... O que é Canola???

Quase todo mundo já deve ter visto no mercado, se não usado, o óleo de canola. E já deve ter ouvido que faz bem à nossa saúde. Mas alguém sabe que planta é essa tal de canola?

Bem, na verdade, canola não é uma planta. É um acrônimo (sigla pronunciada como uma palavra) em inglês para CANadian Oil, Low Acid - CANOLA, que significa "Óleo Canadense, com baixo teor de ácido". Este óleo é extraído das sementes de uma planta, uma espécie de couve, chamada colza (Brassica napus).

Mas não é qualquer óleo de colza que pode ser conhecido como Canola! Somente variedades produzidas para este fim, através de um melhoramento genético, é que podem ter seu óleo chamado de Canola. O óleo de colza normal não deve ser ingerido por causa de sua toxicidade, causada por uma elevada concentração de ácido erúcico (o termo Low Acid, ou baixo teor de ácido, refere-se a este ácido) e glucosinolatos. Porém, este óleo é utilizado para outras finalidades, como a produção de biodiesel.

E o óleo de Canola é, de fato, bom para nossa saúde. Possui baixo conteúdo de gordura saturada, e alto de gordura monoinsaturada e de ácidos graxos ômega 3 e ômega 6. Devido à essa composição, há evidências de que este óleo possa reduzir as taxas de "colesterol ruim" (LDL) e aumentar as taxas de "colesterol bom" (HDL), além de outros benefícios.


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domingo, 4 de setembro de 2011

Descontos em Farmácias

Quem nunca pediu desconto ao comprar algum produto na farmácia? Pouquíssimas pessoas, não é mesmo? Mas o que está por trás deste hábito tão comum do brasileiro?

A cena é clássica: o cliente entra na farmácia, pede um produto, pergunta o preço e, na sequência, solta um "Tem desconto???". Até aí, tudo bem. Afinal, quem não quer economizar alguns trocados ao comprar algo?

Mas a questão vai mais longe. Tem clientes que entram na farmácia e, mesmo antes de perguntarem se tem o remédio ou produto que procuram, perguntam se tem desconto. Isso é frustrante! Nós, que trabalhamos em farmácias, queremos dar um bom atendimento aos clientes, resolver suas dúvidas, auxiliá-los a adquirir os medicamentos corretos e a utilizá-los de forma correta. Mas parece que poucos realmente se importam com isso. Querem saber apenas se o desconto desta farmácia é maior que o da farmácia X.

E o pior: não pedem descontos apenas para os medicamentos. Para muitas pessoas, qualquer produto vendido na farmácia é passível de descontos! Absorventes, escovas e cremes dentais, shampoos... Enfim, qualquer coisa que possa ser encontrada na farmácia! A farmácia onde trabalho fica localizada dentro de um supermercado. Alguns tipos de produtos são vendidos tanto na farmácia quanto no mercado. Na farmácia pedem desconto. No mercado, não! Aliás, compram roupas, tênis, sapatos, bolsas, celulares e etc, ítens relativamente caros e considerados não-essenciais, e não pedem um centavo de desconto. Mas pedem em medicamentos que chegam a custar menos de 2 reais...

Então, parece que virou uma questão cultural pedir descontos na farmácia. Ao ponto de alguns clientes dizerem que é lei (!!!) dar descontos em medicamentos!

Mas como surgiu tudo isso?

Embora eu não tenha como confirmar a veracidade da informação, é um consenso que essa história começou com a Drogaria São Paulo dando descontos para os aposentados, e apenas para alguns medicamentos. Aos poucos, as concorrentes passaram a fazer o mesmo, e começaram a estender os descontos para todo mundo, em todos os medicamentos. E foi se espalhando cada vez mais, até chegar aos dias de hoje, em que raras são as pessoas que não pedem desconto. 

Isso pode ser ótimo para o consumidor, mas é terrível para os profissionais deste tipo de estabelecimento. Nós nos empenhamos em atender bem o cliente, e ainda ouvimos:

"Obrigado pelo seu atendimento! Você foi muito atencioso! Mas infelizmente vou comprar o medicamento na farmácia X, porque lá sai mais barato."

C'est la vie...

sábado, 27 de agosto de 2011

Venda de medicamentos controlados

Hoje vou falar sobre a venda de medicamentos controlados, do ponto de vista de quem está atrás do balcão da farmácia: os farmacêuticos (e seus companheiros de trabalho).

Trabalhar com medicamentos controlados não é a coisa mais agradável do mundo! Muita documentação, legislação, detalhes... Tudo deve estar certinho! Caso contrário, o farmacêutico e o gerente podem até sair algemados, nos casos mais graves! Indiciados por tráfico de drogas!!!

Mas estou escrevendo este post-desabafo, inspirado pelo que aconteceu comigo ontem. Entrou um casal de clientes na farmácia. O senhor já era bem conhecido nosso, um cliente costumeiro. A mulher que estava com ele não, era a primeira vez que eu a via. Ele até comentou: "Esta é a minha esposa"... Pois bem. Ela sacou uma receita azul (na verdade uma notificação) da bolsa. Facilmente percebe-se que se trata de algum medicamento tarja-preta. A funcionária que a atendeu buscou o medicamento, e  trouxe-me a receita para que eu pudesse conferi-la. Neste momento, notei  que a data estava rasurada...

Pausa para explicações:

As receitas de medicamentos controlados têm validade de 30 dias. Depois disso, elas não podem mais ser usadas. Também não podem conter rasura. Nem na data, nem no nome do medicamento, nem na quantidade, nem na dosagem... Em nada! Não fui eu que inventei isso! É lei:

Portaria 344/98 - CAPÍTULO V - Art. 35


§ 3º A Notificação de Receita deverá estar preenchida de forma legível, sendo a quantidade em algarismos arábicos e por extenso, sem emenda ou rasura.

§ 4º A farmácia ou drogaria somente poderá aviar ou dispensar quando todos os itens da receita e da respectiva Notificação de Receita estiverem devidamente preenchidos.



Continuando a história...

Então, fui obrigado a informá-la de que o medicamento não poderia ser vendido, porque havia uma rasura na data (2 tons de azul formando um 8 sobre o que parecia ser um 6 - uma rasura bem grosseira, diga-se de passagem! Já vi melhores...)! Pronto! Começou o escândalo:

(Legenda: Eu, o Gerente, a Senhora, o Marido. As frases todas em maiúsculas significam GRITANDO. Sim, a mulher estava um tanto alterada...)

- AONDE VOCÊ VIU RASURA AQUI?
- Minha senhora, na data! Tem 2 cores de caneta aqui...
- MAS O MÉDICO PREENCHEU NA MINHA FRENTE! EU VI!
- Tudo bem, mas mesmo que ele próprio tenha rasurado, não posso aceitar a receita.
- VOCÊ ESTÁ IMPLICANDO COMIGO!!! (Paranóia???)
- O que aconteceu?
- ELE ESTÁ FALANDO QUE A RECEITA ESTÁ RASURADA!
- Onde está a rasura?
- Aqui na data, senhor...
- Mas você não vai vender por causa disto?
- Pois é, senhor. Infelizmente não posso.
- Mas eu já compro aqui há muito tempo, você me conhece... Não dá pra dar um jeito?
- Não tem como! É a lei! O senhor quer que eu passe por cima da lei?

Pausa  #2 - Comentários

Brasileiro reclama que os políticos enganam, roubam o povo, etc. Mas quando é com eles, aí pode tudo! Pode passar por cima da lei, fazer o que for preciso para levar alguma vantagem. É o famoso (e abominável) "jeitinho brasileiro"...

Continuando...

Nisso, entra o gerente, perguntando o que estava acontecendo. Mostro a ele a receita, explico a situação. E ele corrobora minha opinião:

- É verdade, senhores. A receita está rasurada.
VOCÊS NÃO QUEREM ME VENDER O REMÉDIO!!!
- A troco de quê não venderíamos? Aqui é um comércio, precisamos vender coisas! Se não estamos vendendo, é porque tem algum motivo, concorda?
- VOCÊS IMPLICARAM COMIGO!
- Quem foi que viu a rasura?
- Fui eu, senhor.
- Tudo bem. Se vocês não vão me vender, eu nunca mais volto aqui. E vou avisar minha família pra nunca mais voltar aqui.
- É um direito seu.
- E tem mais. Meu filho trabalha na Polícia Federal. Espero que esteja tudo certo aí na sua farmácia... (uma ameaça???)

Infelizmente, este não é um caso isolado. Sempre que acontece algum tipo de problema com a receita, que inviabiliza a dispensação do medicamento, as pessoas parecem ficar anormalmente alteradas! Eu não estou recusando a venda porque eu quero, ou porque não fui com a cara do cidadão! Eu simplesmente não posso vender!

E quero aproveitar para dizer que, embora haja muita gente falsificando receitas, grande parte dos problemas é causada pelos médicos! Muitas receitas são preenchidas de maneira incorreta. Isso gera situações constrangedoras para quem vende os medicamentos, e desagradável para o paciente que precisa tomar seu remédio e não pode comprá-lo por um erro estúpido.

Médicos, por favor! Vocês sabem o que deve ser feito ao preencher as receitas! Muitas vezes, nem a data é colocada! E o paciente fica realmente indignado (e com razão) por não poder comprar o remédio apenas porque a data não foi preenchida!

Pacientes, cobrem de seus médicos o preenchimento correto de suas receitas (inclusive de forma legível), para evitar transtornos na hora da compra!

Mas não tentem dar um jeitinho na hora da compra! Se quisermos viver num país melhor, não será passando por cima das leis que alcançaremos este objetivo. Pensem nisso...





quinta-feira, 28 de julho de 2011

Aspirina pra gripe??? O Marketing da Indústria Farmacêutica

É engraçado o que o marketing faz com as pessoas. Eu sempre achei estranho o fato de muita gente tomar Aspirina "pra gripe". Recentemente, assistindo à TV, vi uma propaganda da Aspirina, e entendi o motivo. Embora essa propaganda estivesse tecnicamente correta, ela parece induzir os telespectadores a acreditar que este medicamento pode combater gripes e resfriados. Mas o que ele faz é tratar alguns sintomas associados a estas doenças, como dores de cabeça e no corpo, e febre. E só. Mas atendi uma cliente outro dia (que me inspirou a escrever este post), que disse que a Aspirina fazia ela parar de espirrar... E vai tentar convencê-la do contrário!

O marketing é uma arma poderosíssima! Muito mais do que a opinião e o conhecimento dos profissionais que realmente entendem do assunto.

Outro exemplo claro da influência do marketing é no caso do Advil Extra Alívio e do Buscofem. Ambos possuem em sua fórmula ibuprofeno 400mg, em cápsula gelatinosa com conteúdo líquido. O marketing do Advil é voltado para dores em geral, como dores musculares, de cabeça, nas costas, de dente, artrite, cólicas menstruais, enxaqueca, etc. Já o marketing do Buscofem é voltado apenas para cólicas menstruais. Agora, se os medicamentos possuem a mesma fórmula e o mesmo tipo de cápsula, eles não serviriam para as mesmas coisas? Claro que sim! Mas tente convencer alguém de que o Buscofem também pode ser usado para dor de dente... Vão te chamar de burro (na melhor das hipóteses), e que está tentando enganá-las!

As indicações que vêm escritas na caixa dos medicamentos também são importantes para o marketing. Quando a pessoa procura um medicamento para uma finalidade específica, e um fabricante coloca esta informação na caixa, e outro não, a pessoa acaba comprando o que tem a informação, apesar de os medicamentos serem idênticos. Isso acontece muito no caso dos genéricos isentos de prescrição. Os medicamentos são iguais, passaram pelos mesmos testes, e tudo o mais. Só os fabricantes são diferentes. Então, embora as informações nas caixas variem, as indicações são exatamente as mesmas! Não é necessário comprar aquela que esteja escrito o que você precisa!

Portanto, embora o marketing direcione a opinião do consumidor para o que as empresas desejam, usar o bom-senso é fundamental. Sempre!

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