sexta-feira, 22 de abril de 2011

Pano Branco

Sabe aquelas manchas brancas que aparecem no corpo de muita gente após uns dias na praia? É isso mesmo: o famoso "Pano Branco", a Micose de Praia! Mas como se pega isso?

Na verdade, não se pega isso na praia (ou não apenas na praia). O fungo que causa a Ptiríase versicolor (nome científico da doença), o Ptyrosporum ovale (também conhecido por Malassezia furfur), é um "habitante" natural de nossa pele. O que ocorre, eventualmente, é que eles podem causar esta micose em determinadas situações, como a baixa da imunidade, umidade, calor...

Normalmente, a pessoa que tem esta micose nem nota que ela existe. Em raros casos ela pode apresentar coceira, ou descamação. Mas as pessoas só sabem que estão com Pano Branco por causa das manchas esbranquiçadas na pele.

E por que as manchas são brancas?

Porque este fungo produz uma substância, o ácido azelaico, que é um inibidor da produção do pigmento da pele - a melanina. Então, os locais ao redor da micose, após a exposição ao sol, se bronzeiam, enquanto sob a micose a pele continua com o mesmo tom, já que o ácido azelaico está impedindo a formação de mais melanina. Por isso estas manchas aparecem após a praia ou piscina, quando as pessoas se bronzeiam e o contraste fica evidente.

O diagnóstico, através do exame micológico da lesão e do exame com lâmpada de Wood, possibilita o encontro do agente causal, bem como determina a extensão das lesões.


O tratamento pode ser feito com o uso de medicamentos por via oral (comprimidos), ou local (cremes, loções, sprays,etc).


Mesmo após o tratamento, as manchas brancas podem persistir exatamente por conta desta diferença na pigmentação. Ou seja, a micose não está mais ativa, mas a pele no local ficou menos pigmentada do que o resto. Mas a coloração vai ficando mais uniforme em alguns meses, dependendo da exposição ao sol.

Então, por favor, não fique tomando medicamentos ou usando cremes contra micoses sem orientação médica, pois além de serem inúteis contra as manchas, ainda podem trazer uma série de efeitos colaterais.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Mãos ou pés descascando - isso é sinal de Ácido Úrico? Mito ou Verdade?

ATENÇÃO! Este artigo não é sobre Causas e Tratamentos de pés ou mãos descascando. Se você chegou até aqui procurando sobre isto, clique aqui.




Basta alguém aparecer com as mãos ou os pés descascando, que um indivíduo irá dizer: "Isso é ácido úrico..."

Mas o que exatamente é o ácido úrico?

     O ácido úrico é um produto do metabolismo de purinas. As purinas são um dos tipos de bases nitrogenadas, que são como tijolos na formação do DNA. Como todos os seres vivos possuem DNA, grande parte dos alimentos que consumimos, seja de origem animal ou vegetal, contém purinas, em maior ou menor quantidade.

Voltando ao ácido úrico: é um ácido fraco, e se encontra no sangue na forma de um sal chamado urato. Este urato fica em uma concentração próxima ao limite de solubilidade a 37°C, que é a temperatura normal de nosso corpo. Ou seja, uma concentração um pouco maior ou uma temperatura um pouco menor faria com que esse urato deixasse de ser solúvel, e começasse a formar cristais. E é exatamente isto o que acontece em locais onde a temperatura do corpo é um pouco mais baixa, como nas articulações principalmente dos pés, mas também joelhos, mãos, etc. Estes cristais de urato se acumulam nestes locais, e acabam por provocar uma dor muito intensa. Essa doença é conhecida como Gota.

O que causa a elevação do ácido úrico?

Alimentação inadequada, com excesso de alimentos ricos em purinas, distúrbios genéticos, baixo consumo de líquidos, consumo excessivo de bebidas alcoólicas (principalmente cerveja, por seu conteúdo de leveduras) e o uso de alguns tipos de medicamentos podem elevar a taxa de ácido úrico no organismo.

Sintomas da Gota

Pacientes com gota (gotosos) podem permanecer 20 a 30 anos com ácido úrico elevado antes da primeira crise. Em alguns casos, o paciente já teve crise de cálculo urinário (pedra nos rins).

A crise de artrite gotosa é bastante típica: o indivíduo vai dormir bem e acorda de madrugada com uma dor insuportável que em mais de 50% das vezes compromete o dedão do pé. Há situações de dor tão forte que os pacientes não toleram o lençol sobre a região afetada. Pode haver febre baixa e calafrios. A crise inicial dura 3 a 10 dias e desaparece completamente. O paciente volta a levar vida normal. Nova crise pode voltar em meses ou anos. A mesma articulação ou outra pode ser afetada. Qualquer articulação pode ser atingida. As dos membros inferiores são preferidas mas encontram-se gotosos com graves deformidades nas mãos. Sem tratamento, os espaços entre as crises diminuem e sua intensidade aumenta. Os surtos ficam mais prolongados e, mais tarde, tendem a envolver mais de uma articulação. Há casos em que algumas articulações não ficam mais livres de sintomas.

Em casos mais graves, o excesso de ácido úrico pode ser responsável pela formação de cálculos renais e insuficiência renal aguda ou crônica (nefropatia úrica). Estudos recentes, feitos pelo Instituto do Coração de São Paulo, mostraram que níveis elevados de ácido úrico no sangue podem aumentar o risco de desenvolvimento de acidentes cardiovasculares.

No entanto, a presença de ácido úrico em níveis elevados no sangue (hiperuricemia) nem sempre significa que a pessoa tem ou terá gota. Pode ser totalmente assintomático. 
    
Portanto, como pudemos ver, a descamação das mãos ou pés NÃO É SINTOMA DE ÁCIDO ÚRICO ELEVADO. Isso é mais um mito popular!



domingo, 17 de abril de 2011

Febre e Febre Interna

A Febre Interna realmente existe? Ou é apenas mais um mito da área da saúde?


  • Em primeiro lugar, vamos definir o que é febre: 
Febre é o aumento da temperatura corporal acima de 37,5°C.



  • Como é gerada a temperatura do nosso corpo? 
     O calor de nosso corpo é gerado através de reações químicas que liberam calor. Essas reações são a quebra de determinados compostos químicos, fornecendo energia ao nosso organismo. Uma parte dessa energia química é utilizada para a formação de novas substâncias, e outra parte é transformada em calor, aquecendo nosso corpo. (Leia também: De onde vem o calor do nosso corpo?)

  • Como nosso corpo regula a temperatura?
     O cérebro, mais especificamente o hipotálamo, possui um centro termorregulador, que fixa um ponto de temperatura (setpoint) "normal", que situa-se próximo a 37,1°C. Quando a temperatura corporal aumenta, o cérebro detecta este aumento, e passa a lançar mão dos recursos disponíveis para baixar a temperatura ao nível normal. 
     Por exemplo: quando estamos fazendo alguma atividade física, como a corrida, depois de algum tempo começamos a suar, ficamos vermelhos, etc. Como estamos utilizando mais os músculos, estamos "gastando" mais energia, o que acarreta no aumento da produção de calor, que eleva a temperatura do corpo. O suor, composto por água, molha a pele e evapora. A evaporação é um processo que utiliza energia, portanto, "rouba" o calor da pele, esfriando-a. Ficamos vermelhos porque ocorre uma vasodilatação, ou seja, um aumento do calibre dos vasos sanguíneos. Isso faz com que mais sangue passe próximo à pele, permitindo uma maior perda de calor para o ambiente, baixando assim temperatura. Estes mecanismos fazem com que a temperatura baixe novamente para o nível normal.
     Já quando a temperatura corporal encontra-se abaixo do setpoint normal, o cérebro vai fazer de tudo para que ela aumente. Por isso, começamos a tremer, ficamos pálidos... Quando trememos, estamos contraindo continuamente os músculos, ou seja, usando mais energia e liberando mais calor. E ficamos pálidos porque ocorre uma vasoconstrição, que é a diminuição do calibre dos vasos sanguíneos. Isso faz com que menos sangue chegue à pele, e portanto menos calor é perdido.

  • Como e por que esta temperatura pode subir acima dos 37,5°C?
     Em determinadas situações, a temperatura pode subir acima do "setpoint" normal. Isso pode ocorrer por causa de atividade física intensa, o que é natural; ou por anormalidades no próprio cérebro, desidratação, ou mais comumente, por substâncias tóxicas que afetam o centro de regulação térmica. Quando estas condições modificam o setpoint hipotalâmico para um nível mais alto que o normal, isto é considerado febre.
     Como exemplo, vamos imaginar que o "novo" setpoint é 39°C. Nestas condições, o cérebro passa a considerar que a temperatura normal, de aproximadamente 37°C, está muito baixa. Então, envia ordens para que os músculos comecem a contrair repetidamente, e para que haja uma vasoconstrição periférica. Exatamente a mesma coisa que acontece quando estamos com muito frio. Pode demorar horas para que a temperatura atinja este novo setpoint. Quando isto ocorre, a pessoa deixa de apresentar calafrios e não sente mais frio nem calor. 
     Enquanto o fator que provocou o aumento do setpoint persiste, a temperatura corporal é regulada mais ou menos de modo normal, porém neste novo nível. Quando este fator cessa, ou quando usa-se um antitérmico (ou o termo mais correto: antipirético), o setpoint volta ao normal. Então, o cérebro percebe que a temperatura está muito elevada e passa a utilizar os mecanismos citados anteriormente para baixar a temperatura. Ou seja, sudorese intensa (a pessoa começa a suar muito), e ruborização (pele avermelhada).

  • E afinal, a Febre Interna existe?
     Como acabamos de ver, a febre é o aumento da temperatura do corpo acima de 37,5°C. Ela ocorre no corpo como um todo. Portanto, NÃO EXISTE FEBRE INTERNA!!! Existe apenas febre!
     Ah, mas você tem um amigo ou uma amiga que apareceu com uma ferida na boca, e falou que é febre interna... Meu filho, isto é HERPES!!! Mas isto já é assunto para outro post...

Bem, espero ter sido mais ou menos claro nas explicações, já que o assunto é complexo, e tentei "traduzir" para uma linguagem um pouco mais compreensível. Mas qualquer dúvida, perguntem, ok?

domingo, 10 de abril de 2011

O que você sabe sobre Colírios?

Muita gente vai à farmácia e diz: "Eu quero colírio". E eu digo: "Qual colírio?". E eles: "Ué! Colírio!!!!"... Isto mostra um total desconhecimento do que é um colírio. Parece até que Colírio é uma marca... de colírio!

E nesta época, em que estamos tendo um surto de conjuntivite, esta situação tem ficado muito comum.

Mas o que é colírio, afinal? Colírio é uma Forma Farmacêutica líquida e estéril destinada ao uso oftálmico. Ou seja, qualquer líquido estéril para pingar nos olhos. E existem diversos tipos de colírios, para as mais diversas finalidades: para clarear os olhos (como o famoso Moura Brasil, Lerin, etc.), lubrificar em casos de secura (Fresh Tears, Ecofilm, Systane, Lacrifilm, Trisorb...), antibióticos para tratar infecções oculares (Tobrex, Cloranfenicol...), antiinflamatórios (Still, Voltaren colírio...), antialérgicos (Cromolerg), tratamento de glaucoma (Cosopt, Trusopt...)... Enfim, cada caso exige um tipo de tratamento. Mesmo nas conjuntivites, o tratamento é diferente entre cada uma delas, já que elas podem ser causadas por vírus, bactérias ou alergias, conforme já comentei neste outro post.
...
Seja lá qual for o problema, deve-se sempre passar no oftalmologista para que ele possa fazer o diagnóstico correto. Porque mesmo uma "simples" conjuntivite, tratada de maneira incorreta, pode levar à cegueira.


Cuidado com seus olhos!!!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Profissão: Farmacêutico

Escrevo este post mais como um desabafo: por que o povo ainda insiste em chamar qualquer pessoa que trabalha em farmácia de farmacêutico?

Os farmacêuticos são profissionais da saúde, experts no uso de fármacos e medicamentos e suas consequências ao organismo humano ou animal. De uma maneira geral, podem trabalhar em farmácias, drogarias, hospitais, na indústria, em laboratórios de análises clínicas, cosméticos, alimentos, agricultura, prevenção de pragas, distribuição, transporte e desenvolvimento de medicamentos, pesquisas, entre outras funções e lugares. Para se formar farmacêutico, a pessoa deve cursar uma faculdade de Farmácia. O curso tem duração de 4 ou 5 anos, dependendo da faculdade e do tipo de formação.


Aí, de vez em quando, vem algum cliente na farmácia, descobre que sou formado em Farmácia, e solta a seguinte pérola: “Nossa! Não sabia que precisava fazer faculdade pra vender remédio!!!” Pois é... E sabe o que é pior? Ele tem razão! Hoje em dia, somos praticamente vendedores. Ninguém quer saber como o remédio vai funcionar no corpo, etc. Querem saber quanto vão ter de desconto. Isso é muito triste e desanimador! Afinal, pra que fazer faculdade, e ter conhecimento de muitas coisas nesta área, se praticamente não as usamos no dia-a-dia?
E não para por aí: outro dia, entrou uma cliente na farmácia, e falou para sua amiga: “Peraí, que eu vou falar com o farmacêutico!”. E eu lá, todo “pimpão”, me preparando para atendê-la, e tirar suas dúvidas... Ela passa reto por mim, e dirige-se ao gerente: “Oi! vim falar com você!”...
Dá pra notar que a profissão de farmacêutico, no Brasil, ainda é muito pouco reconhecida, o que se reflete nos baixos salários pagos à categoria. Espero que em breve tenhamos boas notícias!!!

Desculpem-me pelo desabafo, mas eu precisava dividir isto com vocês! Obrigado por terem lido, e espero que tenha servido para refletir um pouco, pelo menos!

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